terça-feira, 28 de setembro de 2010

A do Cometa

Apresento-lhe hoje uma teoria que tenho, e que sempre me passou pela cabeça. Por fim, comuniquei-a a Marília, que me fez refletir no assunto, e chegar a mais um excerto da conclusão.

Desde muito pequeno sempre me peguei pensando em diversos assuntos da vida. Nada refinado, claro: ninguém nasce um Nietzsche, ou um Kant, mas sempre pensei em existencialismos simples e comuns: qual meu papel nesse mundo? qual a finalidade de meu nascimento? quem sou eu, será que existo mesmo?
Claro, tudo metafísico, ou no mínimo existencialista. Quem conhece minha Caminhada sabe os motivos que tenho pra ser como sou. Quem não conhece, procure minha biografia, já está vendendo nas melhores livrarias.

Entonces, bem amado leitor, sempre adorei olhar pro céu, pra lua, nuvens, e principalmente estrelas. Mas foram raras as vezes em que vi cometas vagando pelo céu de uma noite estrelada. O céu é lindo: é uma lente por onde vemos tudo que existe no universo, e que não está ao nosso alcance. O céu, caro leitor, é o reflexo da alma dos homens e mulheres. E entre as pessoas, claro, existem os tipos: diversos olham pra o chão, e esquecem-se do céu, enquanto que alguns procuram as estrelas apenas, e outros conseguem olhar ambos. Dentre as pessoas, existem aquelas que são Estrelas, as que são Poeira, e as que são Cometas.

Estrelas, lindas estrelas, que brilham sempre no céu. O brilho é constante, e mesmo que estejam distantes, são bem percebidas. Esqueça-se do sol, leitor desatento: este não conta na descrição. São pessoas com elevado grau de penetração nas nossas vidas, que brilham com força, e são sempre lembradas ou queridas. Com a intensidade do brilho estelar.

Poeira, ah maldita poeira! importante poeira! é ela que complementa alguns espaços vazios do universo, agrupa-se para formar estrelas e planetas, e acaba, de uma maneira ou de outra, ofuscando ou revelando coisas. São pessoas com capacidade de serem ínfimas nas nossas vidas, ou então de se agrupar nelas mesmas, formando algo importante por um tempo, e depois indo embora, tal como poeira ao vento, porém, no vácuo (tem sentido sim, poético).

Enfim, os Cometas. Lindos ou trágicos cometas, chegam do nada no céu, brilham tal como estrelas, com tamanha intensidade, apaixonantes. Somem num punhado de segundos, deixando na retina a lembrança intensa e bela do brilho alto e passageiro. Alguns lembrarão-se do Cometa pra sempre, porém, outros o esquecerão.
Pessoas-Cometa são aquelas que brilham em nossas vidas durante um intervalo de tempo, com a força de estrelas, e depois, somem, vão-se embora, seja pela morte ou pelo abandono. Pessoas-Cometa são marcantes, e podem persistir na memória, porém, não persistem na presença: a sina delas é não se tornarem Estrelas, não sozinhas.
Cometas brilham no céu, e acabam-se na morte dos astros, a desfragmentação bela e incandescente, que fascina até o mais incrédulo. A passagem de Pessoas-Cometa nos deixa atordoados, alegres, ou mesmo abalados. A ida das Pessoas-Cometa é sempre algo difícil, pois queremos manter a presença deles em nossas vidas. Basta uma mudança em algo, e eles se tornarão Estrelas, mas às vezes não fazemos nada: deixamos que eles acabem se desintegrando em nossas atmosferas, afinal, é nossa escolha fazer deles estrelas.

Às vezes sinto-me como um Cometa. Mas não quero ser Cometa, belo e marcante. Não.

Quero ser pessoa-Estrela, isso sim, seria um enorme prazer na vida: marcar a retina sempre, e não temporariamente.

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